Este pretende ser um espaço de partilha, reflexão e debate do grupo do Curso EFA nocturno, da Escola Professor João de Meira - Guimarães.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Algumas considerações tardias...

da nossa conversa de dia 25 de Janeiro.

A nossa primeira convidada a Dra Manuela Ferreira, presidente do Conselho Executivo da nossa escola, antes de iniciar a sua intervenção advertiu para a necessidade de não podermos falar em pais no sentido geral; há um pai ou um encarrregado de educação, cada um é diferente e a escola não os pode encarar todos do mesmo modo. Há pais interessados que acompanham os seus filhos e que o fazem com qualidade, apesar da vida agitada imposta pelo ritmo e pelas exigências do trabalho e da própria sociedade, quando comparados com os pais/EE de há uns vinte anos atrás.
Actualmente, a escolaridade é obrigatória, a escola recebe nas suas salas os alunos interessados e os desinteressados, algo que não acontecia até à massificação do ensino onde só tinham lugar aqueles alunos cujas famílias tinham possibilidades e para quem havia elevadas expectativas de futuro.

As questões que colocámos:
•De que modo a relação pais/escola influencia o equilíbrio emocional e intelectual da criança?
•A criação de um gabinete de apoio aos pais/EE na escola não seria um elo importante na aproximação destes dois intervenientes?
•Por que razão os pais acreditam que a escola deve resolver todos os problemas dos seus filhos?
•Que meios possuem pais e escola para combater o abandono escolar?
•A escola pede a presença dos pais em reuniões esporádicas, quando há indisciplina e insucesso escolar; os pais aproximam-se da escola quando os seus filhos têm maus resultados, quando são chamados pelo director de turma ou apenas para ir buscar o registo avaliação.
O que será necessário, então, fazer para aproximar estes dois intervenientes?

O que foi dito:
i) A baixa escolaridade dos EE afasta-os da escola; o próprio insucesso e a atitude que os pais/EE manifestaram face à escola enquanto estudantes justifica, em muitos casos, o desinteresse relativamente à presença e ao desempenho dos educandos na escola.
ii) O ritmo de trabalho cada vez mais exigente provoca uma grande ausência dos pais na vida dos filhos, a par com uma acumulação de cansaço que, inevitavelmente, se reflectirá na relação com os filhos.
iii) Pode-se afirmar que a representação que os pais/EE possuem da escola influencia a representação dos filhos. É no seio da família que os alunos aprendem a valorizar a escola. Na verdade, os pais não precisam de se deslocar à escola para demonstrar o seu interesse e transmiti-lo aos filhos.
iiii) A ideia de um gabinete de apoio aos EE foi acolhida com entusiasmo, embora as limitações da escola quer ao nível dos recursos humanos quer ao nível dos recursos físicos impeçam a sua concretização. Contudo e, na medida do possível, serão disponibilizadas algumas horas semanais da equipa de psicologia para apoio aos EE.
iiiii) Há pais/EE que acreditam ser obrigação da escola resolver os problemas dos seus filhos/educandos, mas esta questão só se coloca quando se trata de pais que têm dificuldades em gerir a sua relação com a escola e/ou têm dificuldades em resolver os seus problemas com os filhos.
iiiiii) Os meios que possuem um e outra: os pais a motivação dos filhos para a aprendizagem e para a importância da escola; a escola: os recursos humanos, mas na escola falta um pouco de tudo e, é justamente essa escassez, que a impede de rivalizar com as ofertas exteriores; os alunos pouco interessados não encontram na escola as respostas que procuram. Actualmente, a escola aposta nos cursos que chamam os pais à escola como forma de "chegar" aos filhos.
iiiiiii) A escola de facto chama os pais quando algo de negativo ocorre; os pais, frequentemente, deslocam-se à escola pela mesma razão. Não há uma prática de valorização do positivo - chamar os pais para louvar o trabalho do seu educando. Para inverter esta prática, a Escola Prof. João de Meira organiza anualmente uma festa aberta a toda a comunidade; organiza torneios de xadrez; organiza as Jornadas Culturais...
A Dra. Ana Luísa, psicóloga do Agrupamento, optou por apresentar um filme que retrata a relação pais/filhos e as dificuldades sentidas na educação. Este filme proporcionou o debate não só em torno da questão pais/escola mas ainda da Educação em geral.

2 comentários:

Emília Silva disse...

«"O Mundo Sem Letras" é a Grande Reportagem SIC. Um trabalho que procura as causas e as consequências do analfabetismo, no país que apresenta a taxa mais alta da União Europeia. Uma reportagem que mostra como se vive sem ler nem escrever no século XXI. Cinco mil anos depois de se inventar a escrita. Há mais de 38 mil analfabetos portugueses com menos de 30 anos.»

Fiquei surpreendida ao ver esta reportagem, uma vez que pensei que o analfabetismo exitia numa faxa étaria mais elevada. Penso que alguma coisa deve ser feita, para que isto deixe de ocorrer e que não aconteça nas gerações futuras.

Helena disse...

Não vi a reportagem, mas creio que os cursos Novas Oportunidades pretendem, de certa forma, responder às carências diagnosticadas quer a nível literácito quer a nível da escolarização, sobretudo de uma faixa da população que, tendo passado pela escola, a abandonou cedo demais.