Comemora-se hoje o Dia do Autor Português. Não podíamos deixar de assinalar a data, não o faremos com palavras de homenagem aos nossos autores, mas lembraremos as palavras acutilantes, certeiras e muito actuais de um grande autor - Eça de Queirós - sobre o desgoverno com que, todos os dias, nos brindam os nossos homens de Estado, porque os autores também têm uma palavra responsável e crítica a dizer sobre o Estado da Nação.
ORDINARIAMENTE todos os ministros são inteligentes, escrevem bem, discursam com cortesia e pura dicção, vão a faustosas inaugurações e são excelentes convivas. Porém são nulos a resolver crises. Não têm a austeridade, nem a concepção, nem o instinto político, nem a experiência que faz o ESTADISTA. É assim que há muito tempo em Portugal são regidos os destinos políticos. Política de acaso, política de compadrio, política de expediente. País governado ao acaso, governado por vaidades e por interesses, por especulação e corrupção, por privilégio e influência de camarilha, será possível conservar a sua independência?
Eça de Queirós, 1867, in O distrito de Évora
Eça de Queirós, 1867, in O distrito de Évora
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